terça-feira, 21 de junho de 2011

XINGU VIVO PARA SEMPRE


TERÇA-FEIRA, 21 DE JUNHO DE 2011

"Carta do Cacique Mutua a todos os povos da Terra




O Sol me acordou dançando no meu rosto. Pela manhã, atravessou a palha da oca e brincou com meus olhos sonolentos.
O irmão Vento, mensageiro do Grande Espírito, soprou meu nome, fazendo tremer as folhas das plantas lá fora.

Eu sou Mutua, cacique da aldeia dos Xavantes. Na nossa língua, Xingu quer dizer água boa, água limpa. É o nome do nosso rio sagrado.
Como guiso da serpente, o Vento anunciou perigo. Meu coração pesou como jaca madura, a garganta pediu saliva. Eu ouvi. O Grande Espírito da floresta estava bravo.
Xingu banha toda a floresta com a água da vida. Ele traz alegria e sorriso no rosto dos curumins da aldeia. Xingu traz alimento para nossa tribo.
Mas hoje nosso povo está triste. Xingu recebeu sentença de morte. Os caciques dos homens brancos vão matar nosso rio.
O lamento do Vento diz que logo vem uma tal de usina para nossa terra. O nome dela é Belo Monte. No vilarejo de Altamira, vão construir a barragem. Vão tirar um monte de terra, mais do que fizeram lá longe, no canal do Panamá.
Enquanto inundam a floresta de um lado, prendem a água de outro. Xingu vai correr mais devagar. A floresta vai secar em volta. Os animais vão morrer. Vai diminuir a desova dos peixes. E se sobrar vida, ficará triste como o índio.
Como uma grande serpente prateada, Xingu desliza pelo Pará e Mato Grosso, refrescando toda a floresta. Xingu vai longe desembocar no Rio Amazonas e alimentar outros povos distantes.
Se o rio morre, a gente também morre, os animais, a floresta, a roça, o peixe tudo morre. Aprendi isso com meu pai, o grande cacique Aritana, que me ensinou como fincar o peixe na água, usando a flecha, para servir nosso alimento.
Se Xingu morre, o curumim do futuro dormirá para sempre no passado, levando o canto da sabedoria do nosso povo para o fundo das águas de sangue.
Hoje pela manhã, o Vento me levou para a floresta. O Espírito do Vento é apressado, tem de correr mundo, soprar o saber da alma da Natureza nos ouvidos dos outros pajés. Mas o homem branco está surdo e há muito tempo não ouve mais o Vento.
Eu falei com a Floresta, com o Vento, com o Céu e com o Xingu. Entendo a língua da arara, da onça, do macaco, do tamanduá, da anta e do tatu. O Sol, a Lua e a Terra são sagrados para nós.
Quando um índio nasce, ele se torna parte da Mãe Natureza. Nossos antepassados, muitos que partiram pela mão do homem branco, são sagrados para o meu povo.
É verdade que, depois que homem branco chegou, o homem vermelho nunca mais foi o mesmo. Ele trouxe o espírito da doença, a gripe que matou nosso povo. E o espírito da ganância que roubou nossas árvores e matou nossos bichos. No passado, já fomos milhões. Hoje, somos somente cinco mil índios à beira do Xingu, não sei por quanto tempo.
Na roça, ainda conseguimos plantar a mandioca, que é nosso principal alimento, junto com o peixe. Com ela, a gente faz o beiju. Conta a história que Mandioca nasceu do corpo branco de uma linda indiazinha, enterrada numa oca, por causa das lágrimas de saudades dos seus pais caídas na terra que a guardava.
O Sol me acordou dançando no meu rosto. E o Vento trouxe o clamor do rio que está bravo. Sou corajoso guerreiro, não temo nada.
Caminharei sobre jacarés, enfrentarei o abraço de morte da jiboia e as garras terríveis da suçuarana. Por cima de todas as coisas pularei, se quiserem me segurar. Os espíritos têm sentimentos e não gostam de muito esperar.
Eu aprendi desde pequeno a falar com o Grande Espírito da floresta. Foi num dia de chuva, quando corria sozinho dentro da mata, e senti cócegas nos pés quando pisei as sementes de castanha do chão. O meu arco e flecha seguiam a caça, enquanto eu mesmo era caçado pelas sombras dos seres mágicos da floresta.
O espírito do Gavião Real agora aparece rodopiando com suas grandes asas no céu.
Com um grito agudo perguntou:
Quem foi o primeiro a ferir o corpo de Xingu?
Meu coração apertado como a polpa do pequi não tem coragem de dizer que foi o representante do reino dos homens.
O espírito do Gavião Real diz que se a artéria do Xingu for rompida por causa da barragem, a ira do rio se espalhará por toda a terra como sangue e seu cheiro será o da morte.
O Sol me acordou brincando no meu rosto. O dia se abriu e me perguntou da vida do rio. Se matarem o Xingu, todos veremos o alimento virar areia.
A ave de cabeça majestosa me atraiu para a reunião dos espíritos sagrados na floresta. Pisando as folhas velhas do chão com cuidado, pois a terra está grávida, segui a trilha do rio Xingu. Lembrei que, antes, a gente ia para a cidade e no caminho eu só via árvores.
Agora, o madeireiro e o fazendeiro espremeram o índio perto do rio com o cultivo de pastos para boi e plantações mergulhadas no veneno. A terra está estragada. Depois de matar a nossa floresta, nossos animais, sujar nossos rios e derrubar nossas árvores, querem matar Xingu.
O Sol me acordou brincando no meu rosto. E no caminho do rio passei pela Grande Árvore e uma seiva vermelha deslizava pelo seu nódulo.
Quem arrancou a pele da nossa mãe? gemeu a velha senhora num sentimento profundo de dor.
As palavras faltaram na minha boca. Não tinha como explicar o mal que trarão à terra.
Leve a nossa voz para os quatro cantos do mundo clamou O Vento ligeiro soprará até as conchas dos ouvidos amigos ventilou por último, usando a língua antiga, enquanto as folhas no alto se debatiam.
Nosso povo tentou gritar contra os negócios dos homens. Levamos nossa gente para falar com cacique dos brancos. Nossos caciques do Xingu viajaram preocupados e revoltados para Brasília. Eu estava lá, e vi tudo acontecer.
Os caciques caraíbas se escondem. Não querem olhar direto nos nossos olhos. Eles dizem que nos consultaram, mas ninguém foi ouvido.
O homem branco devia saber que nada cresce se não prestar reverência à vida e à natureza. Tudo que acontecer aqui vai voar com o Vento que não tem fronteiras. Recairá um dia em calor e sofrimento para outros povos distantes do mundo.
O tempo da verdade chegou e existe missão em cada estrela que brilha nas ondas do Rio Xingu. Pronta para desvendar seus mistérios, tanto no mundo dos homens como na natureza.
Eu sou o cacique Mutua e esta é minha palavra! Esta é minha dança! E este é o meu canto!

Porta-voz da nossa tradição, vamos nos fortalecer. Casa de Rezas, vamos nos fortalecer. Bicho-Espírito, vamos nos fortalecer. Maracá, vamos nos fortalecer. Vento, vamos nos fortalecer. Terra, vamos nos fortalecer.

Rio Xingu! Vamos nos fortalecer!

Leve minha mensagem nas suas ondas para todo o mundo: a terra é fonte de toda vida, mas precisa de todos nós para dar vida e fazer tudo crescer.

Quando você avistar um reflexo mais brilhante nas águas de um rio, lago ou mar, é a mensagem de lamento do Xingu clamando por viver.
Cacique Mutua"

Kaká Werá: A tradição tupy renasce

Kaká Werá: A tradição tupy renasce: "A tradição tupy é sobretudo filosófica, ética e comportamental. Não tem nada á ver com etnia X ou Y. a tradição tupy é a tradição de caminha..."

XINGU VIVO PARA SEMPRE


Sheila Juruna – O RECONHECIMENTO À GUERREIRA


No próximo dia 30 de junho a índia Sheila Juruna, pertencente ao grande povo Juruna, componente do Movimento Xingu Vivo, e uma das mais importantes representantes dos grupos que lutam contra a construção do Complexo Hidrelétrico de Belo Monte, estará sendo homenageada com a medalha de honra ao mérito pela Assembléia Legislativa do Estado do Pará.

Sheila Juruna é um símbolo da resistência a construção da usina de Belo Monte. Mulher, guerreira indígena, determinada e implacável, tem levado o grito do Xingu em palestras e debates pelo Brasil, e pelo mundo afora, sempre bradando, firme e forte, contra a destruição da floresta, do rio e da vida na Amazônia.

A medalha de honra ao mérito é um reconhecimento à sua luta, sua tenacidade, sua perseverança contra um projeto que vai destruir 100 km da volta grande do Rio Xingu, expulsar de seus lares e de suas terras mais de 40 mil pessoas, não vai produzir nenhum quilowatt de energia para os povos do Xingu, beneficiando somente grandes indústrias e mineradoras, e aprofundando o modelo de exploração dos recursos naturais que historicamente tem sido imposto à região.

A última reunião do Comitê metropolitano deliberou por fazer deste momento mais um ato de protesto contra a construção de Belo Monte, além do justo reconhecimento à luta da companheira Sheila Juruna, avaliando que homenageando Sheila, também estarão sendo homenageadas(os) todas(os) que tem levado esse duro combate em defesa da vida. Assim, alerta companheiros(as), A COLUNA XINGU VIVO VAI ÀS RUAS NOVAMENTE

sábado, 18 de junho de 2011

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sexta-feira, 10 de junho de 2011

Carta do Cacique Mútua !!! Vamos Fortalecer !

    O Sol me acordou dançando no meu rosto. Pela manhã, atravessou a palha da oca e brincou com meus olhos sonolentos. O irmão Vento, mensageiro do Grande Espírito, soprou meu nome, fazendo tremer as folhas das plantas lá fora.   Eu sou Mutua, cacique da aldeia dos Xavantes. Na nossa língua, Xingu quer dizer água boa, água limpa. É o nome do nosso rio sagrado.   Como guiso da serpente, o Vento anunciou perigo. Meu coração pesou como jaca madura, a garganta pediu saliva. Eu ouvi. O Grande Espírito da floresta estava bravo.   Xingu banha toda a floresta com a água da vida. Ele traz alegria e sorriso no rosto dos curumins da aldeia. Xingu traz alimento para nossa tribo.   Mas hoje nosso povo está triste. Xingu recebeu sentença de morte. Os caciques dos homens brancos vão matar nosso rio.   O lamento do Vento diz que logo vem uma tal de usina para nossa terra. O nome dela é Belo Monte. No vilarejo de Altamira, vão construir a barragem. Vão tirar um monte de terra, mais do que fizeram lá longe, no canal do Panamá.   Enquanto inundam a floresta de um lado, prendem a água de outro. Xingu vai correr mais devagar. A floresta vai secar em volta. Os animais vão morrer. Vai diminuir a desova dos peixes. E se sobrar vida, ficará triste como o índio.   Como uma grande serpente prateada, Xingu desliza pelo Pará e Mato Grosso, refrescando toda a floresta. Xingu vai longe desembocar no Rio Amazonas e alimentar outros povos distantes.   Se o rio morre, a gente também morre, os animais, a floresta, a roça, o peixe tudo morre. Aprendi isso com meu pai, o grande cacique Aritana, que me ensinou como fincar o peixe na água, usando a flecha, para servir nosso alimento.   Se Xingu morre, o curumim do futuro dormirá para sempre no passado, levando o canto da sabedoria do nosso povo para o fundo das águas de sangue.   Hoje pela manhã, o Vento me levou para a floresta. O Espírito do Vento é apressado, tem de correr mundo, soprar o saber da alma da Natureza nos ouvidos dos outros pajés. Mas o homem branco está surdo e há muito tempo não ouve mais o Vento.   Eu falei com a Floresta, com o Vento, com o Céu e com o Xingu. Entendo a língua da arara, da onça, do macaco, do tamanduá, da anta e do tatu. O Sol, a Lua e a Terra são sagrados para nós.   Quando um índio nasce, ele se torna parte da Mãe Natureza. Nossos antepassados, muitos que partiram pela mão do homem branco, são sagrados para o meu povo.   É verdade que, depois que homem branco chegou, o homem vermelho nunca mais foi o mesmo. Ele trouxe o espírito da doença, a gripe que matou nosso povo. E o espírito da ganância que roubou nossas árvores e matou nossos bichos. No passado, já fomos milhões. Hoje, somos somente cinco mil índios à beira do Xingu, não sei por quanto tempo.   Na roça, ainda conseguimos plantar a mandioca, que é nosso principal alimento, junto com o peixe. Com ela, a gente faz o beiju. Conta a história que Mandioca nasceu do corpo branco de uma linda indiazinha, enterrada numa oca, por causa das lágrimas de saudades dos seus pais caídas na terra que a guardava.   O Sol me acordou dançando no meu rosto. E o Vento trouxe o clamor do rio que está bravo. Sou corajoso guerreiro, não temo nada.   Caminharei sobre jacarés, enfrentarei o abraço de morte da jiboia e as garras terríveis da suçuarana. Por cima de todas as coisas pularei, se quiserem me segurar. Os espíritos têm sentimentos e não gostam de muito esperar.   Eu aprendi desde pequeno a falar com o Grande Espírito da floresta. Foi num dia de chuva, quando corria sozinho dentro da mata, e senti cócegas nos pés quando pisei as sementes de castanha do chão. O meu arco e flecha seguiam a caça, enquanto eu mesmo era caçado pelas sombras dos seres mágicos da floresta.   O espírito do Gavião Real agora aparece rodopiando com suas grandes asas no céu. Com um grito agudo perguntou: Quem foi o primeiro a ferir o corpo de Xingu?   Meu coração apertado como a polpa do pequi não tem coragem de dizer que foi o representante do reino dos homens.   O espírito do Gavião Real diz que se a artéria do Xingu for rompida por causa da barragem, a ira do rio se espalhará por toda a terra como sangue e seu cheiro será o da morte.   O Sol me acordou brincando no meu rosto. O dia se abriu e me perguntou da vida do rio. Se matarem o Xingu, todos veremos o alimento virar areia.   A ave de cabeça majestosa me atraiu para a reunião dos espíritos sagrados na floresta. Pisando as folhas velhas do chão com cuidado, pois a terra está grávida, segui a trilha do rio Xingu. Lembrei que, antes, a gente ia para a cidade e no caminho eu só via árvores.   Agora, o madeireiro e o fazendeiro espremeram o índio perto do rio com o cultivo de pastos para boi e plantações mergulhadas no veneno. A terra está estragada. Depois de matar a nossa floresta, nossos animais, sujar nossos rios e derrubar nossas árvores, querem matar Xingu.   O Sol me acordou brincando no meu rosto. E no caminho do rio passei pela Grande Árvore e uma seiva vermelha deslizava pelo seu nódulo.   Quem arrancou a pele da nossa mãe? gemeu a velha senhora num sentimento profundo de dor.   As palavras faltaram na minha boca. Não tinha como explicar o mal que trarão à terra.   Leve a nossa voz para os quatro cantos do mundo clamou O Vento ligeiro soprará até as conchas dos ouvidos amigos ventilou por último, usando a língua antiga, enquanto as folhas no alto se debatiam.   Nosso povo tentou gritar contra os negócios dos homens. Levamos nossa gente para falar com cacique dos brancos. Nossos caciques do Xingu viajaram preocupados e revoltados para Brasília. Eu estava lá, e vi tudo acontecer.   Os caciques caraíbas se escondem. Não querem olhar direto nos nossos olhos. Eles dizem que nos consultaram, mas ninguém foi ouvido.   O homem branco devia saber que nada cresce se não prestar reverência à vida e à natureza. Tudo que acontecer aqui vai voar com o Vento que não tem fronteiras. Recairá um dia em calor e sofrimento para outros povos distantes do mundo.   O tempo da verdade chegou e existe missão em cada estrela que brilha nas ondas do Rio Xingu. Pronta para desvendar seus mistérios, tanto no mundo dos homens como na natureza.   Eu sou o cacique Mutua e esta é minha palavra! Esta é minha dança! E este é o meu canto!   Porta-voz da nossa tradição, vamos nos fortalecer. Casa de Rezas, vamos nos fortalecer. Bicho-Espírito, vamos nos fortalecer. Maracá, vamos nos fortalecer. Vento, vamos nos fortalecer. Terra, vamos nos fortalecer. Rio Xingu! Vamos nos fortalecer!   Leve minha mensagem nas suas ondas para todo o mundo: a terra é fonte de toda vida, mas precisa de todos nós para dar vida e fazer tudo crescer.   Quando você avistar um reflexo mais brilhante nas águas de um rio, lago ou mar, é a mensagem de lamento do Xingu clamando por viver. Cacique Mutua

segunda-feira, 6 de junho de 2011

XINGU VIVO PARA SEMPRE


SEGUNDA-FEIRA, 6 DE JUNHO DE 2011

Plano Decenal de Expansão de Energia prevê mais 30 usinas hidrelétricas até 2020


O Brasil deve ter pelo menos mais 30 usinas hidrelétricas até 2020, que vão gerar cerca de 19 mil megawatts (MW) de energia. Dessas, seis já foram autorizadas e devem entrar em operação a partir de 2018. Vinte e quatro ainda dependem de autorização e têm previsão de começar a funcionar a partir de 2016. A previsão está no Plano Decenal de Expansão de Energia 2020 (PDE), divulgado, no dia 3/6, pelo Ministério de Minas e Energia.

O documento prevê o planejamento energético do país até 2020 e serve para orientar as decisões do governo no atendimento ao crescimento da demanda e à necessidade de infraestrutura para o setor. O texto será submetido à consulta pública até o dia 1º de julho.

Segundo o PDE, entre 2010 e 2020 a taxa média de crescimento do consumo de energia elétrica será de 4,6% ao ano. Para a expansão da geração de energia serão necessários, entre 2011 e 2020, investimentos de R$ 190 bilhões. Desse total, R$ 100 bilhões são referentes a investimentos em novas usinas – 55% em hidrelétricas e 45% no conjunto de outras fontes renováveis, como pequenas centrais hidrelétricas, usinas movidas a biomassa ou usinas eólicas. Para a transmissão de energia, os investimentos totais entre 2011 e 2020 devem ser de cerca de R$ 46,4 bilhões, sendo R$ 30 bilhões em linhas de transmissão e R$ 16,4 bilhões em subestações.

A demanda total de etanol projetada para 2020 é de 73,3 bilhões de litros. Para atender a essa demanda será necessária a expansão da capacidade industrial atual, tanto com o aumento da produção nas usinas já existentes quanto na construção de novas. De acordo com o PDE, a estimativa dos investimentos necessários é de cerca de R$ 90 bilhões até 2020. “É importante destacar que, para o atendimento da demanda no médio prazo, é necessária a retomada dos investimentos em toda a cadeia produtiva, que foram significativamente reduzidos nos últimos anos, além de problemas climáticos (estiagem) em 2010 e alta do preço do açúcar no mercado internacional”, aponta o estudo.

O plano prevê como desafio para o setor energético a viabilização desse conjunto de projetos de acordo com os princípios do desenvolvimento sustentável. Também destaca a necessidade de atender aspectos socioambientais nos projetos de geração de energia. “Isto é, fazer com que a estratégia de expansão da oferta de energia se mostre, a cada ciclo de planejamento, mais sustentável, sendo capaz de atender os objetivos setoriais em consonância com os propósitos de preservação do meio ambiente”, diz o documento.

Reportagem de Sabrina Craide, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 06/06/201

sexta-feira, 3 de junho de 2011

XINGU VIVO PARA SEMPRE


Norte Energia recebe Licença de Instalação para Usina Belo Monte

A Licença de Instalação (LI) para a construção da Usina Hidrelétrica Belo Monte, no rio Xingu, Estado do Pará, foi obtida hoje, 1º de junho de 2011, pela Norte Energia S. A., empresa responsável pela implantação do empreendimento. A LI foi autorizada pelo IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente, que confirmou o cumprimento das condicionantes exigidas para a concessão da Licença.
Do mesmo modo, a Funai – Fundação Nacional do Índio atestou que a Norte Energia executou as ações socioambientais definidas para essa fase junto às comunidades indígenas da região da Volta Grande do Xingu.
A Norte Energia já deu início à construção dos canteiros precursores e das obras viárias necessárias para o acesso aos sítios Pimental e Belo Monte, onde estarão localizadas as duas casas de força.
A concessão da LI nesta data não compromete o cronograma previsto para a UHE Belo Monte, já que o período de estiagem na região Norte inicia-se em junho, época em que é possível realizar obras de grande porte, especialmente aquelas de terraplenagem. Assim, a primeira turbina, a ser instalada no Sítio Pimental, iniciará operação comercial em fevereiro de 2015 e a última, a ser instalada no Sítio Belo Monte, estará operando até o final de janeiro de 2019.
A concessão da LI para a UHE Belo Monte confirma o empenho da Norte Energia em cumprir de forma exemplar todas as etapas necessárias para dar início à construção da usina. A Norte Energia reconhece que, entre os pontos de discussão de um grande projeto hidrelétrico, o que recebe maior atenção da sociedade e da mídia são os licenciamentos ambientais. Por sua dimensão e complexidade, esse licenciamento abrange os empreendedores, as várias esferas de governo, especialmente os órgãos ambientais, bem como as associações e organizações não governamentais.
No pico das obras, previsto para ocorrer em 2013, a Norte Energia estima que o pessoal diretamente empregado na construção será de 18.700 pessoas. Outras 23.000 pessoas serão empregadas em atividades relacionadas às obras e 54.300 familiares e demais pessoas serão atraídas para a região, totalizando 96.000 pessoas.
Além de obras de construção, reforma e ampliação de equipamentos públicos, como postos de saúde e escolas, faz parte da carteira de ações socioambientais sob responsabilidade da Norte Energia o apoio à criação da Câmara Permanente de Negociação dos Afetados pela UHE Belo Monte.
A Norte Energia também realiza, em parceria com as prefeituras e por intermédio do Instituto de Educação e Gestão Pública – Escola de Gestão Pública, o Curso de Capacitação e qualificação voltado para Gestores Públicos dos onze municípios da região do Rio Xingu (Altamira, Placas, Uruará, Medicilândia, Brasil Novo, Vitória do Xingu, Anapu, Porto de Moz, Senador José Pofírio, Pacajá e Gurupá). Os cursos, iniciados em abril deste ano, são presenciais, com módulos temáticos de capacitação técnica e gerencial, bem como encontros de formação e de qualificação administrativa, destinados aos gestores, técnicos e servidores integrantes do Poder Executivo e Legislativo dos municípios da área de influência da UHE Belo Monte.
A Norte Energia considerou todos os aspectos socioambientais relacionados à construção da UHE Belo Monte e manteve interlocução permanente com as comunidades diretamente envolvidas com o empreendimento, destacando ainda a interlocução com as comunidades indígenas que vivem próximas às obras, sempre em conjunto com a Funai. Todos os esforços foram e continuam sendo feitos para conhecer as expectativas da população e proporcionar as compensações esperadas de um empreendedor responsável, comprometido com o bem-estar da comunidade e com o desenvolvimento sustentável da região, do Pará e do Brasil.
Em 26 de janeiro deste ano, o Ibama já havia concedido a Licença de Instalação (LI) parcial para as obras preparatórias da UHE Belo Monte. A LI permitia início da construção do canteiro de obras da usina, do alojamento para os trabalhadores e dos correspondentes acessos aos canteiros. No entanto, por ser este um período de intensa chuva na região, a Norte Energia deu início, apenas, ao alargamento de acessos vicinais para o trânsito de veículos.
Comunidades indígenas
A Norte Energia, por intermédio da Funai, garantiu os direitos fundamentais, a qualidade de vida e a integridade dos povos indígenas afetados direta ou indiretamente pelo empreendimento. Ao todo, são oito etnias (Juruna Arara, Xikrin, Kaiapó, Xipaya, Kuruaya, Asurini, Araweté, Parakanã), que vivem em 12 áreas indígenas (Juruna do km 17, Paquiçamba, Arara da Volta Grande do Xingu, Trincheira-Bacajá, Koatinemo, Araweté do Igarapé Ipixuna, Apyterewa, Kararô, Arara, Cachoeira Seca, Xipaya e Kuruaya). Ou seja, em todas as terras indígenas foram realizadas consultas às comunidades, ultrapassando mais de 30 reuniões nas aldeias, documentadas em áudio e vídeo.
Também sob a coordenação da Funai, a Norte Energia colabora na implementação de ações do interesse das comunidades indígenas da área de influência da UHE Belo Monte. Entre essas ações, destacam-se a proteção das comunidades e terras indígenas, elaboração de um programa de comunicação via rádio e prestação de serviços de gestão e adminsitração de ações emergenciais. Também foram realizadas ações no âmbito da Previdência Social, da Assistência Social, da Saúde e da Educação.
As informações sobre o projeto foram prestadas aos povos indígenas por meio dessas reuniões e pela realização de quatro audiência públicas, realizadas em setembro de 2009, nas cidades paraenses de Brasil Novo, Vitória do Xingu, Altamira e Belém. Cerca de oito mil pessoas participaram, dos quais mais de cinco mil em Altamira. Dentre eles, aproximadamente 200 eram representantes das comunidades indígenas locais.
Memória
Desde a década de 1980, por intermédio da Eletrobrás-Eletronorte, empresas associadas ao projeto, realizaram e revisaram os estudos de viabilidade do Aproveitamento Hidrelétrico de Belo Monte. Esses estudos contemplam a área de engenharia, incluindo a barragem, as unidades geradoras e a delimitação da área do reservatório.
Além dos estudos de viabilidade, seguindo a legislação ambiental, foi realizado o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (Rima), constituídos pelo diagnóstico socioambiental, nos quais são estudadas a geologia, as águas, a vegetação, os animais, as atividades sociais, econômicas e culturais das populações; a avaliação dos impactos socioambientais associados ao empreendimento; o prognóstico ambiental, no qual são apresentados os cenários da região com a implantação do empreendimento; e o planejamento dos programas e ações destinados a eliminar, reduzir ou compensar os impactos negativos e maximizar os benefícios do empreendimento.
Um empreendimento é sustentável quando alia desenvolvimento econômico e desenvolvimento social, promovendo a qualidade de vida e ampliando as possibilidades de ganhos para todos.
Para compatibilizar os interesses energéticos com a sustentabilidade ambiental, a área alagada foi reduzida em cerca de 60% da prevista no projeto inicial. Enquanto a média nacional de áreas alagadas pelas usinas hidrelétricas é de 0,49 km² por MW instalado, Belo Monte impactará apenas 0,04 km² por MW instalado, com um reservatório de 516 km². A UHE Belo Monte terá capacidade instalada de 11.233,1 MW de potência e geração anual prevista de 38.790.156 MWh ou 4.428,1 MW médios.
Os benefícios do projeto Belo Monte transcendem à implantação de uma fonte de geração renovável e econômica para suprir necessidades do Estado do Pará, da região Norte e do Brasil. A exemplo de outros aproveitamentos hidroelétricos, existem benefícios associados à preservação ambiental de áreas na bacia hidrográfica, além do aumento dos indicadores de desenvolvimento humano nos municípios abrangidos. Assim, além de sua inserção regional, o projeto do Belo Monte pretende ainda alavancar o contexto de desenvolvimento regional.
Somente a título de pagamento da Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos (CFURH), mais conhecida como royalties, a UHE Belo Monte contribuirá anualmente com cerca de R$ 140 milhões, sendo R$ 70 milhões destinados ao estado do Pará e outros R$ 70 milhões aos municípios atingidos pelo reservatório.
A UHE Belo Monte está inserida no Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável (PDRS) do Xingu, que faz parte da parceria entre o Governo Federal e o Governo do Estado do Pará, tendo como objetivo promover o desenvolvimento sustentável da região com foco na melhoria da qualidade de vida dos diversos segmentos sociais a partir de uma gestão democrática, participativa e territorializada.
O empreendimento integra o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que é uma prioridade do governo federal. A entrada em operação propiciará mais oferta de energia e mais segurança para o Sistema Interligado Nacional (SIN), com melhor aproveitamento das diferenças hidrológicas de cheia e seca nas diversas regiões do País

quinta-feira, 2 de junho de 2011

XINGU VIVO PARA SEMPRE


Mais um pedido de suspensão do projeto da barragem de Belo Monte



As autoridades brasileiras devem garantir os direitos das comunidades indígenas que vivem ao redor do rio Xingu sejam respeitadas e protegidas, a Anistia Internacional afirmou hoje assim que a Agencia Ambiental Brasileira, aprovou a construção da barragem de Belo Monte.

O Brasil deve respeitar as recomendações emitidas pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos para suspender a construção da barragem de Belo Monte até que os direitos das comunidades indígenas sejam integralmente garantidos, disse Guadalupe Marengo, directora-adjunta da Anistia Internacional das Américas.

A continuação da construção da barragem de Belo Monte, antes de assegurar que os direitos das comunidades indígenas sejam protegidos é equivalente a sacrificar os direitos humanos para o desenvolvimento.

Em abril passado, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos disse que a licença para a construção da barragem de Belo Monte deve ser suspensa até que as comunidades indígenas sejam plena e eficazmente consultadas - inclusive por ter acesso a uma Avaliação de Impacto Ambiental e Social do projecto nas suas línguas - e as medidas são postas em prática para proteger a vida das comunidades em isolamento voluntário.

A Comissão também pediu às autoridades brasileiras para adotar medidas abrangentes para evitar a possível disseminação de doenças entre as comunidades indígenas, como resultado da execução da barragem.

Na quarta-feira 01 de junho, A Agengia Ambiental Brasileira, aprovou a construção da barragem de Belo Monte no rio Xingu, na região amazônica.

Os ambientalistas, comunidades indígenas, os procuradores federais, e outros defensores de direitos humanos levantaram sérias preocupações sobre o potencial impacto sobre os direitos humanos das comunidades indígenas que vivem na área

Madre Tierra, Pachamama