terça-feira, 26 de junho de 2012


Índios ocuparam barragem de terra no sítio Pimental
Índios ocuparam barragem de terra no sítio Pimental
As obras em um dos canteiros da hidrelétrica de Belo Monte (PA) foram suspensas no turno da noite desta sexta-feira (22) em decorrência da invasão do local por índios no dia anterior.
O sítio Pimental, que teve as obras suspensas, é onde ficará uma casa de força complementar da hidrelétrica, em construção no rio Xingu, oeste do Pará.
Em nota, o CCBM (Consórcio Construtor de Belo Monte) justifica que o objetivo da medida é "preservar a segurança de seus funcionários".
Ainda não está definido se as obras nesse sítio continuarão suspensas nos próximos dias ou se a paralisação se dará apenas nesta sexta.
Cerca de cem índios apreenderam veículos e máquinas da obra. Segundo o consórcio, não houve depredação.
O CCBM e a Norte Energia, empresa responsável por Belo Monte, dizem ainda ainda não terem recebido uma pauta de reivindicações do grupo de índios.
O consórcio registrará boletim de ocorrência na Polícia Civil em Altamira (a 900 km de Belém).
No último sábado (16), um grupo de índios e ativistas ambientais invadiu o escritório central do consórcio e, segund o CCBM, promoveu um quebra-quebra no local. A Polícia Civil investiga o caso.
Na sexta passada (15), índios e ativistas também invadiram outro trecho do canteiro de obras e fizeram uma manifestação contra Belo Monte --hidrelétrica que, quando concluída, será a terceira maior do mundo.
Ambientalistas criticam a usina pelos impactos que provocará na região do rio Xingu. 

domingo, 24 de junho de 2012


Cúpula dos Povos

RIO DE JANEIRO - Com objetivo de alertar a sociedade sobre os problemas socioambientais e econômicos envolvendo a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte...

Agência Brasil
RIO DE JANEIRO – Com objetivo de alertar a sociedade sobre os problemas socioambientais eeconômicos envolvendo a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte (PA), ativistas e membros da organização não governamental (ONG) Movimento Xingu Vivo Para Sempre se reuniram nesta quinta-feira (21) na Cúpula dos Povos, no Parque do Flamengo, na zona sul da capital fluminense.
coordenadora da ONG, Antônia Melo, disse que construção das usinas representa uma tragédia em todos os sentidos possíveis, em relação à violação dos direitos humanos, culturais e ambientais. E que o governo defende a construção da hidrelétrica com base em motivos que considera falsos.
“O judiciário faz uso de um argumento utilizado durante a ditadura militar chamado de Suspensão deSegurança, que é quando o governo entende que o país está entrando em um caos energético, gerando um grande apagão. Portanto, é necessária a construção dessas hidrelétricas a qualquer custo. Isso é uma mentira, pois o Brasil não vai entrar em desordem por causa de energia”, disse.
O presidente da ONG ambiental Doga Dernegi, da Turquia, Guven Eken, também criticou a construção de usinas hidrelétricas sob o argumento de fonte de energia limpa. Segundo ele, com as mudanças climáticas, muitas instituições estão promovendo as hidrelétricas como fonte de energia verde e renovável, e os governos estão seguindo essa agendas. “Nós esperamos que seja feito o oposto, porque vemos como o povo vem sofrendo com a construção das usinas. Essa ideia representa o benefício dascorporações, não das pessoas”, declarou.
A índia da etnia Kaiapó, de Mato Grosso, Nayalu, ressaltou que a Cúpula dos Povos não é um evento festivo, destinado à venda de artesanato, mas um fórum de debates para discussões de problemas imediatos e que atingem as populações marginalizadas. Ela destacou a questão das terras indígenas prejudicadas pela construções de hidrelétricas.
“Os governantes deveriam estar resolvendo os problemas locais, em vez de estarem pensando nos problemas globais. Nós, manifestantes, somos julgados criminosos, e estamos aqui para lutar pelos nossos direitos e pelas coisas que nos foram tomadas. Queria deixar bem claro que somos contra a construção da Usina de Belo Monte e de quaisquer outras hidrelétricas que venham a atingir nossas terras”, disse Nayalu.

Belo Monte no centro das discussões na Rio + 20

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Um imenso painel humano em pleno Aterro do Flamengo marcou o dia de protesto contra o projeto de construção do complexo hidrelétrico de Belo Monte na Cúpula dos Povos. Cerca de mil pessoas foram convidadas a formar uma imagem de um índio na areia apontando e tocando o sol.

Belo Monte foi o assunto do dia na Cúpula dos Povos. Debates, protestos, caminhadas, painéis. Todas as formas de manifestação contra a construção da usina foram utilizadas. Um grupo de jovens pôs mordaças na boca e algemas nas mãos em sinal de protesto contra os projetos de usinas hidrelétricas no país. Faziam parte do Movimento contra o Desmonte da Política Nacional de Meio Ambiente. “Queremos desmascarar a farsa da economia verde”, disse Luís Paulo, um dos manifestantes.

Em um debate na tenda do Greenpeace, o procurador da República Felício Pontes disse que a usina não é necessária e que é possível ter alternativas a esse modelo energético. Segundo o procurador, existem 14 ações contra Belo Monte. “Esperamos que a obra seja parada antes do julgamento dessas ações. Caso contrário, corre-se o risco de a Justiça considerar que os movimentos sociais estão corretos, mas a obra já está concluída”, afirmou.

Em outra tenda, que discutiu especificamente os impactos de obras de hidrelétricas, a ativista de Altamira Antonia Melo fez críticas contundentes ao empreendimento. “A Amazônia é o ponto principal desses projetos monstruosos, desenvolvimentistas. Temos urgentemente que nos unir em defesa dos rios e contra as obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC)”, disse, ao lado do cacique Raoni e da líder indígena Sheila Juruna.

FATOR HUMANO

Um dos nomes mais festejados na Cúpula dos Povos, o economista Paul Singer disse que os grandes projetos ignoram o fator humano. “É preciso reconhecer as diferenças e respeitá-las e isso não ocorre nesses grandes projetos”, afirmou.

Os protestos contra Belo Monte devem ser acirrados hoje. Os representantes indígenas prometeram ir ao Riocentro, local onde estão concentradas as discussões dos chefes de estado para mostrar que não estão de acordo com a obra.

“Vamos lá para dizer a todo mundo que não queremos Belo Monte, que só vai nos trazer destruição”, disse o líder iawalapiti Pirakumã. Segundo ele, anúncios de propaganda do complexo devem ser queimadas pelos manifestantes indígenas. Isso se eles conseguirem chegar até o Riocentro, já que o acesso deve ser cada vez mais restrito.

Belo Monte é alvo de manifestações, mas ao mesmo tempo recebeu uma forte publicidade por parte do consórcio construtor no Rio de Janeiro. Outdoors, busdoor, publicidade na televisão e spots nas rádios vendiam a ideia de que a obra será benéfica à população e não causará impacto às comunidades indígenas, ribeirinhas e camponesas de Altamira. 

24 de junho de 2012 
Índios

Indígenas afetados por Belo Monte interrompem obras e querem que empreendimento seja paralisado
[24/06/2012 22:09]

Desde a última quinta-feira (21/6), índios Xikrin, Juruna e Arara ocupam o sítio Pimental, 50 km distante do local de construção da hidrelétrica de Belo Monte. Querem que a obra pare até que condicionantes como desintrusão de Terras Indígenas, implantação de sistemas de água e outras sejam cumpridas

Enquanto os kayapó, comandados pelo cacique Raoni Metuktire, protestavam na semana que passou contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte com o apoio dos movimentos sociais e organizações da sociedade civil presentes na Cúpula dos Povos, evento paralelo à Rio+20, na cidade do Rio de Janeiro, bem longe dali, índios Xikrin, Juruna e Arara ocuparam nesta quinta-feira (21/6) o sítio Pimental, no sudoeste do Pará e distante 50 km do local de construção da usina.
Independentemente de qualquer vinculação com movimentos sociais da região e mesmo com o movimento de Raoni, os índios decidiram pela ocupação quando se deram conta de que o rio está sendo barrado e suas águas estão ficando sujas e barrentas e a maioria das condicionantes que deveriam ter sido cumpridas – pelo Ibama, pela Funai e pela Norte Energia – não foram. (Leia aqui as condicionantes). Por divergências em relação à construção da usina, os índios dessas etnias romperam com seus parentes kayapó, ferrenhos opositores de Belo Monte, que na voz de Raoni continuam a gritar contra a construção da usina.

Vista aérea do local com os caminhões parados



Caminhão virado na ensecadeira ocupada



Xikrin, Juruna e Arara acampados no sítio Pimental


Em entrevista ao ISA, na tarde de sexta-feira (22/6), Mukuka Xikrin, um dos diversos líderes do movimento, afirmou que eles só saem depois de conversar com o presidente da Norte Energia, Carlos Nascimento, com o ministro das Minas e Energia, Edson Lobão e com a presidente da Funai, Marta Azevedo. “A gente não quer negociar, quer parar a obra”, afirmou. “Eles [Norte Energia] não estão conseguindo cumprir o que prometeram nas aldeias”. (Veja o vídeo abaixo).
A líder Ingrejam Xikrin contou à reportagem do ISA, na noite de ontem, sábado, que durante o dia o representante local da Norte Energia foi até o Pimental negociar. “Disse que podíamos continuar lá mas que deveríamos deixar o pessoal trabalhar”. O que não aconteceu. Ingrejam, que vive na Terra Indígena Trincheira Bacajá, faz coro com Mukuka: “Não houve melhoria, só promessa. As condicionantes não foram cumpridas”. Ela contou conta que circulou a informação de que o presidente da Norte Energia vem à área ocupada no dia 28.

“Queremos divulgar para o mundo inteiro o que está acontecendo aqui”, afirmou Mukuka. Ele disse ainda que neste domingo (24/6) devem chegar os parentes Parakanã, Araweté e Assurini para se juntar a eles e acampar no Pimental.

Protestos contra a usina foram a tônica das manifestações na Rio+20