domingo, 24 de junho de 2012


Belo Monte no centro das discussões na Rio + 20

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Um imenso painel humano em pleno Aterro do Flamengo marcou o dia de protesto contra o projeto de construção do complexo hidrelétrico de Belo Monte na Cúpula dos Povos. Cerca de mil pessoas foram convidadas a formar uma imagem de um índio na areia apontando e tocando o sol.

Belo Monte foi o assunto do dia na Cúpula dos Povos. Debates, protestos, caminhadas, painéis. Todas as formas de manifestação contra a construção da usina foram utilizadas. Um grupo de jovens pôs mordaças na boca e algemas nas mãos em sinal de protesto contra os projetos de usinas hidrelétricas no país. Faziam parte do Movimento contra o Desmonte da Política Nacional de Meio Ambiente. “Queremos desmascarar a farsa da economia verde”, disse Luís Paulo, um dos manifestantes.

Em um debate na tenda do Greenpeace, o procurador da República Felício Pontes disse que a usina não é necessária e que é possível ter alternativas a esse modelo energético. Segundo o procurador, existem 14 ações contra Belo Monte. “Esperamos que a obra seja parada antes do julgamento dessas ações. Caso contrário, corre-se o risco de a Justiça considerar que os movimentos sociais estão corretos, mas a obra já está concluída”, afirmou.

Em outra tenda, que discutiu especificamente os impactos de obras de hidrelétricas, a ativista de Altamira Antonia Melo fez críticas contundentes ao empreendimento. “A Amazônia é o ponto principal desses projetos monstruosos, desenvolvimentistas. Temos urgentemente que nos unir em defesa dos rios e contra as obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC)”, disse, ao lado do cacique Raoni e da líder indígena Sheila Juruna.

FATOR HUMANO

Um dos nomes mais festejados na Cúpula dos Povos, o economista Paul Singer disse que os grandes projetos ignoram o fator humano. “É preciso reconhecer as diferenças e respeitá-las e isso não ocorre nesses grandes projetos”, afirmou.

Os protestos contra Belo Monte devem ser acirrados hoje. Os representantes indígenas prometeram ir ao Riocentro, local onde estão concentradas as discussões dos chefes de estado para mostrar que não estão de acordo com a obra.

“Vamos lá para dizer a todo mundo que não queremos Belo Monte, que só vai nos trazer destruição”, disse o líder iawalapiti Pirakumã. Segundo ele, anúncios de propaganda do complexo devem ser queimadas pelos manifestantes indígenas. Isso se eles conseguirem chegar até o Riocentro, já que o acesso deve ser cada vez mais restrito.

Belo Monte é alvo de manifestações, mas ao mesmo tempo recebeu uma forte publicidade por parte do consórcio construtor no Rio de Janeiro. Outdoors, busdoor, publicidade na televisão e spots nas rádios vendiam a ideia de que a obra será benéfica à população e não causará impacto às comunidades indígenas, ribeirinhas e camponesas de Altamira. 

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