terça-feira, 27 de setembro de 2011

XINGU VIVO PARA SEMPRE


Ou “Belo Monstro”?

Sylvio Montenegro - Professor e Gerente em Tecnologia da Informação
sylviomontenegro.com.br@gmail.com

É necessário que se desarmem os espíritos, é necessário que interesses mesquinhos sejam postos de lado e a situação seja analisada fria, técnica e calculadamente, longe das paixões ideológicas e políticas. Belo Monte é um fiasco, e provo. Dificilmente o quadro atual será revertido, e depois de muita jogatina política, de muito toma lá dá cá, infelizmente e finalmente, o projeto saiu do papel.

Belo Monte é um projeto megalomaníaco e tende a se transformar na maior hidrelétrica mais improdutiva do mundo! Não pensem os senhores que o custo de 19 bilhões de reais é estático, não. A previsão (otimista) é que sejam gastos ali 30 bilhões de reais, mas esta pequena diferença é omitida por quem tem interesse neste jogo de rato grande.

Alguns detalhes técnicos que estão sendo propositadamente esquecidos precisam ser lembrados:Será necessária a abertura de um canal maior do que o Canal do Panamá; Os estudos geológicos da área ainda não foram conclusivos; As construtoras envolvidas não sabem nem onde, nem quanto terão de cavar. Tudo está sendo feito a toque de caixa, e caixa aqui soa como um tilintar de moedas de ouro para muitos interessados no projeto; Irregularidades em suas várias modalidades foram detectadas em todas as fases da pré construção. Vale ressaltar que estamos somente no início da obra, imaginem o que vai rolar no decorrer da mesma, e em se tratando de Brasil. O volume de energia: 11.181 MW a ser gerada, não justifica o gasto de tão vultuosa quantia. E tem um detalhe... esses 11.181 MW serão gerados com a usina funcionando a todo vapor, o que não é o caso de Belo Monte, já que a área onde esta vai ser construída passa por longos períodos de estiagem;O impacto ambiental de grandes proporções que vai ocasionar a construção da usina. Comunidades ribeirinhas serão impiedosamente deslocadas, homens, mulheres, crianças e toda a natureza sofrerão duro choque de consequências imprevisíveis e que não são levados em conta pelo sifrônico olhar de governoe empreiteiras.

Enquanto isso, está em fase final de construção uma fazenda eólica ao longo da costa de Norfolk, na Inglaterra: Serão 88 turbinas a um investimento de um bilhão e meio de dólares. Espera-se que a iniciativa produza 1.1 terawatts de energia elétrica, o bastante para abastecer 220 mil casas por ano no Reino Unido. Baseado neste grandioso projeto inglês, tomei a iniciativa de fazer algumas comparações com o nosso “Belo Monstro”. Olha só: com os 30 bilhões que vão ser gastos em Belo Monte, construiríamos, ao preço do dólar de hoje, 16 fazendas eólicas com uma produção de 17,6 terawatts que iluminariam 3.652.000 de casas! Enquanto isso, Belo Monte produzirá apenas 11.181 megawatts de energia! E observem que, essa potência só poderá ser alcançada pela usina durante um breve período do ano. Devido às fortes secas no Xingu, Belo Monte será então a grande hidrelétrica mais improdutiva do mundo, considerando-se a relação entre a produção de energia e a capacidade instalada. A implantação destas fazendas demandariam metade do tempo a ser gasto na construção da usina de Belo Monte.

Precisamos salvar a nossa mãe terra! Não precisamos de pré-sal, não precisamos de Belo Monte para crescer, precisamos sim, de vontade política e interesse coletivo naquilo que realmente vai salvar e transformar o nosso planeta de moribundo a plenamente revitalizado, para que as próximas gerações possam sobreviver e viver em um planeta fértil e ecologicamente correto! Diante do exposto, reforço a indagação que titula este artigo: Belo Monte pra quê!?

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